segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Natureza é sábia

A Natureza é sábia e entrevista com Cristiano Marcel no espaço Poetas de Marte

 

Enfeita a sacada
A trepadeira herbácia
Um chuchuzal

  Deixei na fruteira o último chuchu para fazer um suflê. Alguns dias depois um brotinho nasceu. Uma folhinha meio esverdeada e enrolada foi se abrindo. Enterrei-o então num canto do jardim.
E para a surpresa de todos muitas folhinhas foram aparecendo através das gavinhas, que por sua vez foram procurando guarida nos galhos da primavera e do pé de ameixa.

 

Eclode um broto
na pontinha do chuchu
hora do plantio

 

 Silenciosamente
De mãos dadas com as gavinhas
O verde avança

 

  Os dias foram passando e as ramas  crescendo a ponto de ter que desviar as gavinhas em direção ao guarda corpo da sacada para não invadir o muro do vizinho. Não satisfeitas, as gavinhas foram cada vez mais se expandindo, se enrolando e descendo no corrimão da escada. 

 

Três meses depois minúsculas florezinhas amarelas foram surgindo atraindo dezenas de abelhinhas e cambacicas, que para minha decepção (as abelhinhas  de tão pequeninas, e as cambacicas de tão ágeis) nunca as consegui fotografar.  Finalmente vieram os primeiros frutos e em menos de 10 dias pude colhê-los.

 

 Um vai-e-vem
De cambacicas e abelhinhas
atraídas pelas flores

 Quanto mais colho, mais frutos vão aparecendo escondidos entre o imenso verde.  Até já distribuí aos vizinhos e parentes que ficaram encantados com esta fartura. Hoje pela manhã apanhei mais meia dúzia entre as abelhinhas rastreando as florezinhas e as cambacicas pulando de folha em folha.  Não é um presente dos Deuses? 

 

 Muda o visual
O chuchus se espalhando
no meu quintal

Ninguém quer comer
O prato de chuchu
Se não for suflê

É medida sensata
Distribuir aos vizinhos
Chuchus á granel 

 

Entrevista com o haicaísta Cristiano Marcel no espaço Poetas de Marte

Fui convidada pelo talentoso haicaista Cristiano Marcel no blog  (poetasdemarte.blogspot.com)  para uma entrevista que ele intitulou  "Haikais que são uma pintura", a qual convido vocês para conhecer.

Cristiano Marcel é professor de matemática e grande haicaísta, detentor dos blogs Esquife de Memórias e Haicai e não Machuca.

Fico honrada e agradecida por esta oportunidade e peço desculpas a você querido amigo haicaísta por eu não ter conseguido enviar todas as ilustrações , inclusive da tela e a releitura que fiz  das dançarinas esculpidas nas velas com massa de biscuit, a qual mencionei na entrevista.

Para conhecimento de vocês faço a repostagem da entrevista .

 
Haicais de Domingo - Em que momento a sua poesia oriental passou a fazer parte de seus versos?
Elisa Campos - Foi quando Andréia, uma sobrinha me presenteou com o Livro "CEM HAICAISTAS BRASILEIROS" de Roberto Saito, H. Masuda Goga e Francisco Handa e umas apostilas sobre haicais que ela usou numa aula de literatura da Faculdade de Letras. Quando li o haicai de Alice Ruiz  "FIM DO DIA/PORTA ABERTA/O SAPO ESPIA"  foi como se um filme tivesse se desenrolado da minha infância. Esta cena comum no interior e registrada nesse haicai me fascinou. Induziu-me até a fazer uma oficina com a própria Alice Ruiz aqui em São Paulo. A  partir daí, o meu interesse por essa poética foi aflorando e hoje foco como referência muitos grandes haicaístas: Matsuo Basho, Kobayashi Issa, Masuda Goga, Teruko Oda, Paulo Franchetti, Edson Kenji Iura, Francisco Handa, Nelson Savioli, Pedro Xisto, Oldegar Vieira, Luis Bacellar, Anibal Beça, José Marins, Terezinha Canabarro, Monica Martinez, Alvaro Posselt, Henrique Pimenta, etc.


Rumo ao sítio
Bougainvílleas na estrada
Passeio promete

Haicais de Domingo - Como você faz para compor seus versos e aliar às belas pinturas que faz?
Elisa Campos - Na verdade sempre tento me inspirar nos quadros que já tenho. Acho que esta prática foge da verdadeira essência do haicai (captação do momento transitório), mas posso fazer, refazer e desfazer desta poética a qualquer momento, é instigante. Aprecio muito utilizar nas imagens o recurso do phootoshop recortando parte de uma pintura e inserindo em outra ou vice-versa (conforme ilustração acima). Quando tento pintar um quadro fazendo a releitura de um haicai já escrito nem sempre consigo o efeito desejado. Desfaço a pintura repincelando com gesso acrílico branco e deixo num canto até que uma nova idéia venha a fluir.


Rio de inverno-
Solitário canoeiro
Removagueando

Haicais de Domingo - Você possui publicações?
Elisa Campos - Tenho muitos haicais publicados no JORNAL NIPPOBRASIL (ora inativo) e que agora estão sendo publicados na coluna HAICAIS do JORNAL NIPPAK (periódico semanal que circula aqui em São Paulo) sobre supervisão e seleção dos grandes haicaístas EDSON KENJI IURA (membro do Grêmio Haicai Ipê) e FRANCISCO HANDA (monje budista e instrutor de haicai Zazen, também um dos fundadores do referido Grêmio).

Colheita de Verão
Retinindo no roçado
Roxas berinjelas
Jornal NippoBrasil - Ed.16 a 22 de fev./2011

Tremeluzir de asas
No final da cachoeira
Dança de libélulas
Jornal Nippak - Ed.11 a 17 de maio/2012
E o primeiro Haicai (das bougainvílleas)
pub.Jornal NippoBrasil- Ed.14 a 20 de out./2009

Haicais de Domingo - Em Pintando Haikais, seu universo particular, vemos a presença frequente de um determinado animal de estimação (rsrsrs). Fale sobre eles!.
Elisa Campos - Eu sempre gostei de bichos. Os meus haicais são sempre focados na natureza (fauna e flora). Depois que dois cães (boxers) se foram e a minha calopsita de estimação fugiu, essa gata (recém-nascida) apareceu próximo ao portão. Acho que foi  ela quem nos escolheu (uma dádiva), pois meu marido que dizia não gostar de bichanos se apegou tanto que sempre que a gata faz poses inusitadas ele sempre me chama dizendo:  - Corre vem tirar a foto de sua inspiradora em haicais! (rsrsrs).


Réstias de sol
Nesta manhã de inverno 
A gata aproveita

Haicais de Domingo - A sua formação acadêmica é relacionada com as artes ou trata-se de autodidatismo?
Elisa Campos - A minha formação acadêmica não tem nada a ver com as artes. Sou Bacharela em Direito e trabalhei no Tribunal de Justiça onde me aposentei. Já em artesanato sou autodidata, um hobby que até hoje quando posso me aventuro fazendo quadros em 3D, pintando vasos, praticando ikebanas, moldando velas, flores de biscuit  etc.. Gosto de releituras do que faço. Estas velas com as dançarinas feitas de massa de biscuit aramado nasceu do quadro que pintei na época que fazia (bio-dança) uma modalidade de ginástica no espaço de Luiz Antonio Gasparetto. De certa forma a minha poética com a arte está sempre inserida e interligada com os meus momentos de vivência, como os haicais que singelamente capto dos jardins. Nas pinturas em telas com exceção das técnicas mistas, muitas vezes conto com o auxílio da minha vizinha e mestra Satie , renomada artista plástica.



Ágeis compassos
Divas dançam no tablado 
Passos de haicais

Haicais de Domingo - Você considera a weblog uma ferramenta que contribui significativamente para a divulgação de outros tipos de poemas menos falados por aí, tais como os rengas,  haiku, tanka, fibhaikais, limeriques, entre outros ?
Elisa Campos - Sim. Sendo todas essas modalidades de poemas desconhecidos para muitos é de bom alvitre utilizarmos a internet como meio de disseminá-las. Muitos dos amigos que compartilho nos blogs não conheciam e alguns deles (excelentes poetas e cronistas) se tornaram também excelentes haicaístas e hoje sou eu quem me encanto e aprendo com eles. Este espaço "Poetas de Marte" é uma grande ferramenta para essa divulgação por contar com grandes haicaístas como você, sempre estabelecendo vínculos com outros poetas.


Mais uma vez obrigada Cristiano Marcel!

Meus amigos, espero que gostem.

Um bom início de semana!

 

 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

FOTOGRAFIA

A arte de reviver e recriar emoções
Depois de um longo período voltei á minha cidadezinha de origem (terra das bananeiras). Revivi a infância no sítio, dos folguedos com meus irmãos, primos e vizinhos que alí moravam. Os habitantes de lá com exceção de alguns conhecidos são agora constituídos de pessoas que  migraram do norte. Com a construção da rodovia principal que liga o norte ao sul do país, as cidades que ficaram um pouco distantes dessa estrada foram paulatinamente entrando em decadência por conta dos bananicultores que foram vendendo ou arrendando as suas terras e se mudando  para a capital. Esta evasão culminou com a desativação da estrada de ferro que era a principal via de locomoção da população e o meio de transporte das bananas.
Os tempos áureos se foram. Nem pude ver a igreja agora com caminhos descuidados. As missas, as quermesses, as novenas, as procissões e até o circo ficaram na memória. A velha escola que ficava num dos pontos pitorescos do morro desapareceu. Não reconheço o rio que passa em que atravessávamos de canoa rumo à escola. Agora está tomado pela poluição. Lembrei-me das águas cristalinas das  tardes brincando com girinos e peixinhos ao redor dos pés. Os bananais não são os mesmos, não tem os viços de outrora. Ainda sinto o sabor e o perfume das jaqueiras, das laranjeiras e mexeriqueiras  da infância. A estação de trem (que fica em frente da minha antiga casa) foi invadida por matagais. Ainda ecoa o apito da locomotiva e o alegre movimento dos passageiros chegando e embarcando.


UM PORTAL
NUMA TARDE VERDEJANTE
IMENSO BANANAL


 DO ALTO DO MORRO
UM SIBILAR DE FOLHAS
BANANAL AO VENTO


ESTAÇÃO DE TREM
CORROÍDA PELO TEMPO
SÓ AVES PIANDO



 UM FEIXE DE LUZ
APONTA A JACA MADURA
HORA DA COLHEITA

Voltando ao meu recanto pensei nas minhas araras, nos carrinhos e nas meninas de bicicletas que ainda não voltaram.
Abri então a minha caixa de reminiscências com algumas viagens já esmaecidas pelo tempo e outras recém-guardadas ainda tinindo em cores mil. Entre as emoções registradas muitos filmes estão esquecidos junto com a velha filmadora que já não sei e nem ouso manuseá-la. Certamente um dia será descartada como fizemos com a velha máquina fotográfica, a máquina de escrever, a primeira vitrola, o primeiro aparelho de T.V., o primeiro computador, etc.
E revolvendo fotos um filme foi se desenrolando com pinceladas de recordações. 
Esta (tirada na máquina panorâmica) me lembrou o dia em que  fomos pisar o chão das estrelas Hollywoodianas.


E esta (mal tirada, pois nunca fui boa fotógrafa) foi quando descíamos a costa leste rumo à San Diego e encontramos esta cidadezinha (não lembro do nome) com jeito de Noruega. Só sei que passamos momentos de encantamento.


E estas, não satisfeita  com os passeios vividos à luz do dia (entre teatros, magazines e restaurantes), sempre voltava á noite  para fotografar a Broadway iluminada.



 

 
E a imaginação sempre voa podendo pelo computador recriar e interagir uma foto com outras (atemporais) nos pedaços dos out-doors,  rsrsrs.





Para Carol e Edu


Vou parar por aqui
São apenas devaneios
E não posso extrapolar

Bom Final de Semana para todos.